Modelo de Projeto de intervenção

1. Capa

Tal como a capa do projeto de pesquisa, a capa do projeto de intervenção deve conter informações suficientes para a identificação do projeto: o título, o autor e a sua finalidade. Uma capa típica tem o seguinte formato:

2. Título

[[Repetimos aqui as mesmas orientações do título do projeto de pesquisa. Então, se você já conhece essas informações, pode pular para o ponto 3.

A principal função do título do seu trabalho é servir como orientação dos mecanismos de busca na internet (google, bing, etc.), visto que futuras pesquisas dialogarão com a sua e é importante fazer com que os pesquisadores encontrem o seu texto com facilidade. Como o título tem especial relevância para os algoritmos das ferramentas de busca, ele deve ser pensado como uma maneira de chamar atenção para os pontos que você considera que devem atrair a atenção de potenciais leitores.

Títulos mais “poéticos”, com expressões mais literárias e figuras de linguagem, podem ser interessantes para estimular o leitor a se interessar pelo seu texto, especialmente se ele circular em ambientes nos quais é o estímulo da curiosidade que gera a abertura do arquivo (como facebook ou whatsapp). Porém, não vale a pena criar um título que seja atrativo, mas que não corresponda muito ao trabalho propriamente dito, o que seria uma forma de clickbait acadêmico.

Já os títulos mais “descritivos” tendem a oferecer elementos importantes para que o seu texto venha a ser encontrado por pesquisas feitas na internet, o que é fundamental, visto que de pouco adianta dar ao trabalho título “instigante”, mas que o torna pouco visível para as ferramentas de busca. Uma estratégia de meio-termo é usar um título mais atraente e um subtítulo mais descritivo. Porém, não perca de vista que toda revista científica pergunta aos examinadores se o título do trabalho corresponde ao seu conteúdo, o que exige dos títulos que sejam capazes de descrever bem a pesquisa realizada.

Uma causa comum de problemas nesse campo é escolhermos um título no começo do trabalho, quando dizemos o que gostaríamos de alcançar com ele, e que o mantenhamos até o final, até por desenvolvermos com ele uma relação afetiva. Depois que você escreve o resumo do seu trabalho (etapa necessária para toda publicação), é preciso analisar com cuidado se o título apresenta mesmo o que você realizou, ou se ele continua indicando quais eram as suas pretensões iniciais, que tipicamente são reduzidas no contato com a realidade e com a dureza dos prazos.

Uma estratégia normalmente útil é formular algumas alternativas e mostrar a outras pessoas, pois o fato de estarmos imersos na produção do trabalho faz com que percamos um pouco da perspectiva, o que pode comprometer a clareza do título. Pode ser uma boa alternativa pedir que alguém leia o resumo e avalie se o título corresponde bem a ele.]]

3. Definição da situação-problema: em que situação se propõe intervir?

[[A pesquisa é uma tentativa de descobrir coisas que não sabemos. Por esse motivo, o objeto de pesquisa é uma questão: uma pergunta a ser respondida. No campo dos projetos de pesquisa, chamamos essa questão de problema.

No caso do plano de intervenção, não se trata de um relatório do que foi alcançado, mas de uma sugestão do que devemos fazer no futuro. O seu objetivo não é ampliar o nosso conhecimento, mas aprimorar as nossas práticas. Por isso, o objeto de um plano de intervenção não uma questão (a ser respondida), mas é uma situação prática (a ser transformada).

Nós investigamos uma questão, mas nós intervimos em uma situação. Por isso, costuma-se indicar que o objeto de um plano de intervenção é uma situação-problema. Assim, no projeto de intervenção, em vez de formular um problema, o proponente deve descrever a situação que é entendida como problemática e, por isso, será objeto da intervenção proposta.

Toda proposta de intervenção parte da identificação de que existe uma prática institucional (a situação-problema) deficiente, cujas limitações podem ser identificadas e enfrentadas a partir de certas ações. Porém, devemos ter em mente que a proposta de intervenção não é simplesmente a indicação de que algo deve ser mudado. Não basta diagnosticar a deficiência, mas é preciso contribuir efetivamente para a sua superação.

Enquanto um problema de pesquisa pode ser resumido a uma pergunta, a situação problema precisa ser desenvolvida em alguns parágrafos, que permitam tanto a sua descrição como a sua contextualização. Assim, a definição da situação problema precisa esclarecer alguns pontos relevantes.

3.1 Descrição das práticas atuais (onde intervir)

Qual é a situação em que foi identificada um problema? Trata-se de um modo de decidir processos, de uma forma de nomear pessoas, de uma estratégia de aplicação de penalidades, de uma cláusula contratual aplicada de forma recorrente?

Como as atividades concretas que você analisará ocorrem dentro de uma determinada organização, é preciso descrever a situação com o devido esclarecimento desse contexto institucional: as formas de investigação da Controladoria-Geral da União, os mecanismos de seleção de gestores públicos pelo Ministério do Planejamento, os critérios de prioridade de vacinação definidos pelo Ministério da Saúde, e assim por diante.

Uma boa definição da situação-problema será útil para escrever o resumo do texto, que costuma começar por uma frase como “Trata-se de uma proposta de intervenção na atividade x, desempenhada pela instituição Y...".

Se você construir um plano de ação para enfrentar um problema, você deve ser capaz de iniciar seu resumo indicando que a proposta busca enfrentar um determinado problema prático, que ocorre em uma situação determinada. Uma vez que seu texto seja encontrado por instrumentos de busca, os potenciais leitores iniciarão pela leitura do resumo, cujo conteúdo será fundamental para que eles avaliem o efetivo interesse no seu trabalho.

3.2 Descrição do problema a ser enfrentado

Antes de formular o projeto de intervenção, você já deve ter intuições sobre quais são as dificuldades que existem na prática. Todo projeto de intervenção parte de uma espécie de diagnóstico prévio de que há problemas a serem enfrentados, mesmo que não se saiba, a priori, que vias de enfrentamento seriam as mais adequadas.

Que elementos da situação constituem um problema prático a ser enfrentado? Falta efetividade? Os gastos são demasiados? Os resultados são decepcionantes?

3.3 Diagnóstico preliminar ou consolidado: causas do problema

O processo de busca por soluções ou aprimoramentos institucionais é contínuo. O diagnóstico nunca é definitivo, mas reflete a situação verificada em determinado momento, devendo ser desenvolvido em observância ao cronograma estabelecido, o que lhe impõe uma limitação. Nada impede que surjam novos problemas ou possibilidades de aprimoramento em momentos posteriores, verificados em diagnósticos supervenientes.

Neste ponto do projeto, deve ser indicado o diagnóstico, ou seja, o conjunto de causas que foram identificadas para os problemas. No caso de haver pesquisas prévias (realizadas em momentos anteriores ou como pesquisa preparatória para este projeto específico), é possível apresentar um diagnóstico consolidado, a partir do qual serão desenvolvidas as abordagens da intervenção.

Todavia, em muitos casos existe somente um diagnóstico preliminar, o que significa que o projeto conterá estratégias voltadas especificamente a confirmar (ou desenvolver) esse diagnóstico. Quando há somente um diagnóstico preliminar, o trabalho deverá ter duas fases: a fase de diagnóstico, em que os problemas e suas causas serão identificados (e validados pelos atores), e uma fase de elaboração de um plano de intervenção.]]

3.4 Justificativa (ou: por que intervir?)

[[A justificativa deve ser capaz de indicar a relevância da intervenção, indicando os motivos que justificam o investimento do esforço (e muitas vezes de recursos públicos) na formulação do plano.

Quando os atores envolvidos na situação compartilham a percepção de que existe um problema sério na situação descrita, a justificativa pode ser bastante simples, pois você não precisa convencer as pessoas de que uma intervenção é necessária.

Porém, existem casos em que os problemas (ou a viabilidade de seu enfrentamento) não são evidentes, o que exige a o desenvolvimento de justificativas mais elaboradas.

Pontos típicos da justificativa são a explicitação das questões sociais que estimularam o desenvolvimento da intervenção (quando isso não foi esgotado na introdução) e uma argumentação que evidencie as limitações das práticas que se pretende modificar.

No caso específico da proposta de intervenção, um dos elementos da justificativa é uma argumentação de que o problema é solucionável. Nem todo problema tem uma solução que pode ser implementada por certos agentes públicos. Nem todo problema ter um diagnóstico suficientemente claro para viabilizar propostas de solução de suas deficiências. Nem toda solução é economicamente viável. Por tudo isso, não basta esclarecer que é importante buscar soluções, mas é também preciso avaliar se potenciais soluções decorrentes da proposta de intervenção podem ser viáveis, dentro do contexto de análise.

Se a justificativa precisar ser muito complexa e começar a ficar maior que a própria descrição do problema, convém transformá-la em um título específico. Nesse caso, em vez de ser parte da descrição da situação-problema, seria importante ter um tópico autônomo de justificativa, que pode vir em seguida do tópico de definição do problema.

4. Revisão de literatura (optativa)

[[Antes de formular a proposta de intervenção, você deve fazer uma pesquisa exaustiva para localizar trabalhos que analisaram situações semelhantes e que tenham testado abordagens voltadas a resolver os problemas que você identificou.

Essa revisão é, de fato, menos um elemento de planejamento do que a explicitação dos resultados de seus estudos preparatórios, que são vitais para que você entenda as limitações do conhecimento existente, as experiências anteriores e as ideias com as quais você precisa dialogar.

Para os leitores (especialmente para os avaliadores) do seu projeto, essa parte serve para mostrar o quanto você domina a literatura acerca do seu tema e se os estudos preparatórios foram suficientes para que você tenha conseguido definir um problema de pesquisa relevante.

A revisão não é uma lista de obras (as referências das obras citadas aqui virão ao final, nas Referências Bibliográficas), mas de uma descrição do estado da arte da produção existente, indicando os principais trabalhos, as inovações recentes, as pesquisas em curso que você conseguiu localizar. Você precisa organizar a produção que você encontrou, identificação dos principais autores, textos (livros, artigos e outros) que você tenha identificado e cuja leitura e análise será relevante para situar e desenvolver o trabalho.

Também é importante ter em mente que o foco desta revisão é para trabalhos prévios de pesquisa-ação, e não propriamente trabalhos teóricos, que podem constar da revisão para revelar o estado da arte, mas que interessam menos numa proposta de intervenção. O seu objetivo fundamental é mapear diagnósticos anteriores e relatos de experiências em áreas correlatas, que podem servir como modelo para o desenvolvimento da intervenção proposta (ou a ser proposta, se for o caso).

Devemos ressaltar que esse é um tópico optativo do trabalho, pois a revisão de literatura pode vir concentrada neste título, mas também pode ser difusa, com referências à literatura sendo feitas ao longo de cada parte do trabalho. Essa escolha entre uma abordagem concentrada na Revisão de Literatura ou de uma abordagem difusa ao longo da obra, deve ser feita pelo pesquisador.

5. Objetivos (ou: o que se busca atingir?)

[[Definido o objeto e justificada a sua relevância, chega a hora de fazer uma descrição dos objetivos, que serve como mediação entre objeto e abordagem.

Os objetivos são centrados nos verbos que indicam o que o pesquisador vai fazer, para poder responder à pergunta formulada: identificar, medir, analisar, avaliar, descrever, explicar.

Os objetivos dizem o que fazer, e eles são diretamente conectados com as estratégias de abordagem, que indicarão como realizar os objetivos. Quanto mais objetivos são definidos, mais específicos deverão ser os procedimentos metodológicos, que precisam mostrar como cada um deles pode ser alcançado.

Não é preciso multiplicar infinitamente os objetivos, sendo conveniente que eles sejam mantidos em um número suficientemente amplo para que sejam capazes de desdobrar o problema em seus elementos principais (dados a serem levantados, descrições a serem feitas, relações a serem explicadas, etc.).

Os objetivos gerais da propostas tendem a girar em torno de quatro eixos:

  1. Diagnosticar as causas dos problemas identificados;
  2. Formular soluções adequadas para enfrentar os problemas;
  3. Implementar as medidas propostas;
  4. Monitorar e avaliar os efeitos da implementação.

Esses objetivos gerais tendem a ser desdobrados em objetivos específicos, com verbos que indiquem o que precisa ser feito para chegar a esses objetivos (identificar, medir, analisar, por exemplo), de forma que cada grupo de objetivos não fique muito grande (algo como três objetivos gerais, desdobrados cada um em dois ou três objetivos específicos).

Essa estrutura dos objetivos definirá as estratégias de abordagem, que devem ser dimensionadas justamente para alcançar esses objetivos previamente formulados.

Além disso, é bem provável que os objetivos gerais darão a estrutura de capítulos, enquanto os objetivos específicos oferecem uma boa estrutura para os itens em que esses capítulos são divididos, e que correspondem aos resultados esperados (uma vez que os resultados esperados são a concretização dos objetivos definidos).]]

6. Estratégias de abordagem (ou: que intervenção será realizada?

Nas propostas de intervenção, existem três elementos que demandam a definição de estratégias de abordagem:

  1. Diagnóstico
  2. Intervenção
  3. Monitoramento e avaliação

Não é necessário que todo projeto tenha esses três elementos, mas, uma vez que sejam incluídos, cada um deles demanda explicações metodológicas específicas.

6.1 Estratégias de diagnóstico

[[Em várias das pesquisas-ação voltadas a criar uma proposta de intervenção, um passo preliminar é a definição de um diagnóstico suficientemente desenvolvido, para que seja possível estabelecer as linhas de ação.

Como você vai fazer o diagnóstico? Entrevistas, grupos focais, observação participativa? As metodologias do diagnóstico tendem a ser próximas daquelas usadas na pesquisa, pois trata-se também de conhecer algo.

Porém, na formulação da proposta, é preciso tentar esclarecer como elas serão construídas. Isoladamente? Em grupo? Utilizará alguma estratégia especial diagnóstico e formulação de propostas, como o design thinking? Esses elementos devem ser esclarecidos na parte de estratégias de abordagem do diagnóstico.

Porém, se o seu diagnóstico já tiver sido suficientemente desenvolvido, você não terá uma parte específica de diagnóstico em sua investigação-ação, que será concentrada no desenvolvimento das estratégias que constituirão a própria intervenção. ]]

6.2 Estratégias de intervenção

[[Se a sua pesquisa se voltar a realizar um ciclo completo de investigação-ação, será necessário desenvolver um projeto executável de intervenção, contendo:

  1. Estratégias de ação, com as transformações a serem implementadas;
  2. Estratégias de monitoramento, com os dados que devem ser levantados para poder mensurar a medida em que as transformações planejadas foram executadas;
  3. Estratégias de avaliação, com os critérios que serão utilizados para avaliar o cumprimento dos objetivos.

Esse tipo de estratégia somente pode ser definido de antemão quando existem diagnósticos precisos à disposição do pesquisador. Se isso não ocorrer, o objetivo da sua atividade pode não ser o de implementar as estratégias planejadas, mas desenvolver um plano de ação.

Nesse caso, a formulação das estratégias de intervenção não será parte do seu planejamento, mas será o próprio produto que você apresentará como TCC. Se for essa a situação, você não precisa apresentar na fase de projeto um sistema coerente e completo de abordagens, mas pode limitar-se a indicar que tipo de análise você pretende fazer para poder desenvolver o plano de ação.

Ocorre que esse desenvolvimento não é exatamente uma atividade de pesquisa, mas é uma atividade técnica, consistente em uma série de escolhas bem fundamentadas. Assim, não é possível definir, a priori, uma estratégia de abordagem que conduza à formulação das propostas. Nesse caso, você deve entender o projeto como uma espécie de pré-proposta de intervenção, no qual algumas estratégias possíveis devem ser delineadas de forma geral, com a indicação de que um plano de ação executável será o próprio objeto do trabalho.

7. Referencial teórico

7.1 Repertório conceitual

[[Chegando aqui, você deve reler seus objetivos e sua abordagem, em busca de entender quais são os conceitos que você precisa esclarecer, para que o seu problema seja plenamente compreendido e para que a sua metodologia possa operar de modo claro.

Esse é um dos pontos que as pessoas normalmente consideram mais difíceis e enigmáticos, pois ele aponta  para textos teóricos e filosóficos que não são o centro da formação de bacharéis em ciências sociais aplicadas, como é o caso do direito.

Um dos erros básicos é afirmar que o marco teórico é Habermas, Dworkin ou Kelsen, como se uma pessoa pudesse ser um referencial. O que interessa, de fato, é estabelecer qual é a teoria que você usa (no caso de você usar uma teoria específica), ou esclarecer o sentido em que você usa os conceitos usados nos seus argumentos.

Uma estratégia interessante é localizar os conceitos usados na descrição do problema e no diagnóstico preliminar. Quando você descreve certas práticas acerca de processos, por exemplo, você normalmente utilizará classificações como: simples/complexo, penal/administrativo, procedente/improcedente, etc.

Toda classificação implica uma simplificação relativamente arbitrária dos fenômenos, e o marco teórico é justamente um esclarecimento sobre os principais conceitos, especialmente sobre as categorias que você usa para classificar os objetos observados.

É conveniente que o esclarecimento sobre os conceitos não se limite à repetição de definições extraídas de dicionários ou livros especializadas. Não basta indicar um conceito definido por algum autor, pois o mais importante é mostrar de que forma esses conceitos serão utilizados dentro do trabalho. Por isso, o mais adequado é uma definição contextualizada, em que se mostre como as categorias propostas se relacionam com os fenômenos.

O que importa não é indicar um conceito, não é citar um autor que tratou dele. É preciso fazer uma espécie de definição operacional das categorias, que consiste em uma explicação capaz de esclarecer o modo como esses conceitos serão operados na prática. Que tipo de ato administrativo será considerado uma decisão? Que tipo de conduta será considerada assédio? Que tipos de assédio você observará nas situações empíricas analisadas? Esse tipo de explicação contextualizada dos modos de operação é que permitirá que as pessoas saibam como você usará os conceitos na prática.

7.2 Teoria de base

Além do repertório de conceitos que você vai manejar, que é uma parte do seu marco teórico, você também pode esclarecer qual é a sua teoria de base. Nesse caso, não se trata de identificar o significado das classificações que você vai usar, mas de identificar a estrutura mais geral e abstrata da sua abordagem, que está relacionada com o tipo de descrição (ou explicação) que você pretende produzir.

Uma forma de identificar essa teoria de base é concentrar-se no tipo de intervenção que você imagina propor, e nos elementos que você utilizará para explicar a utilidade dessa intervenção. Isso pode conduzir a várias perspectivas, sendo que algumas das principais são:

  • Behaviorismo: se você imagina que deve analisar o comportamento dos agentes, buscando compreender suas intenções e seus padrões decisórios, você pode estar ligado às abordagens behavioristas, ou seja, centradas no comportamento dos indivíduos e tendentes a explicar fenômenos complexos como uma rede de comportamentos individuais, de tal forma que as explicações tendem a se concentrar nas razões do comportamento.
  • Institucionalismo: se você imagina que deve propor alterações na estrutura normativa (inclusive regulatória), é mais comum que você tente indicar que o funcionamento das organizações sociais deve ser pensado em um nível macro, pois a interação entre os indivíduos gera padrões coletivos de comportamento que não se deixam revelar a um estudo do comportamento individual. Se a sua análise se concentra na relação entre a estrutura das organizações e os resultados da atuação institucional, você pode adotar um marco institucionalista, concentrado na análise e na transformação das estruturas organizacionais envolvidas em uma prática social.
  • Neoinstitucionalismo. Se você imagina que deve propor alterações nas estruturas normativas, mas com foco na criação de incentivos que modifiquem o padrão de comportamento das pessoas, você estará próximo de uma abordagem neoinstitucionalista, que busca fazer uma análise integrada das interações entre os padrões de comportamento dos agentes e as estruturas institucionais existentes.
  • Pós-estruturalismo: se você entende que as suas explicações não se concentram nas análises do comportamento individual nem do comportamento institucional nem da relação entre esses dois polos, existe uma grande chance de que você pretenda entender as práticas sociais como o exercício de uma ordem discursiva, que deve ser compreendida como o exercício de uma prática social que atravessa tanto pessoas como instituições. Essa explicação da sociedade a partir de estruturas de linguagem, de discursos entrelaçados e dos modos como nossas ordens discursivas se relacionam com nossas ordens políticas, você pode se aproximar das teses pós-estruturalistas.]]

8. Aceite das autoridades competentes

[[Artigos acadêmicos são feitos para serem publicados e, portanto, é importante identificar desde logo qual é a revista pretendida. Propostas de intervenção não se destinam a serem publicadas, mas a serem executadas, o que dispensa a indicação de um meio específico de publicação.

Porém, como a utilidade delas e o seu potencial impacto prático, somente é razoável fazer uma proposta de intervenção em instituições que reconhecem a existência da situação-problema e que demonstram interesse no desenvolvimento de planos de intervenção.

Esse aceite é uma espécie de patrocínio, em que autoridades competentes mostram compartilhar das preocupações que movem o trabalho e indicam a existência de abertura para, no mínimo, avaliar a possibilidade da execução da proposta.]]

9. Cronograma

[[O cronograma é parte do planejamento necessária para que o pesquisador consiga garantir que o trabalho necessário caiba nos prazos disponíveis e também para que estabeleça metas temporais.

Uma forma típica de fazer o cronograma é fazer uma tabela em que o tempo constitua as colunas (medido em meses, trimestres ou semestres, a depender do prazo) e cada linha seja um dos objetivos (incluindo também pesquisas exploratórias, quando necessário, e redação do texto final). Você pode chegar a resultados como:

http://metodologiadapesquisa.blogspot.com/2010/10/elaboracao-do-cronograma.html

Nesse exemplo, usam-se cores na tabela. Em outros, marca-se com um 'x' os períodos em que se planeja realizar cada atividade, lembrando que várias atividades podem ser realizadas concomitantemente. Um cronograma linear com objetivos sucessivos normalmente não é muito factível e soa como demasiadamente artificial.

Nas pesquisas-ação, o cronograma é um dos pontos centrais, pois ele precisa deixar bem claro que existe tempo suficiente para realizar todo o ciclo de investigação-intervenção. Se você pretende fazer uma implementação, monitoramento e avaliação de certas propostas práticas, é preciso que você indique claramente a viabilidade desse tempo no seu cronograma.

Se os resultados de uma prática somente possam ser medidos em prazos mais longos, você pode ter de limitar a sua pesquisa ao diagnóstico e a um relatório da intervenção, mas com a indicação de que não é possível realizar o monitoramento de efeitos que somente ocorrerão tempos depois (como o julgamento de um processo). Se a própria implementação das medidas ultrapassar o seu prazo possível, pode ser necessário fazer um projeto concentrado apenas no diagnóstico. Por esse motivo, o seu cronograma deve trazer uma estimativa realista dos tempos necessários para:

  1. Diagnóstico;
  2. Implementação, se for o caso;
  3. Monitoramento, especialmente de efeitos futuros;
  4. Avaliação do impacto.]]

10. Estimativa dos recursos necessários

[[Tanto o planejamento como a execução das intervenções demandam recursos. Embora no momento do projeto não seja possível dimensionar com precisão esses recursos (que dependerão das propostas efetivamente formuladas), é possível fazer uma estimativa prévia dos recursos necessários ao diagnóstico e à formulação da proposta de intervenção.

Esses recursos podem ser de vários tipos: material de consumo, insumos de informática, softwares, serviços de terceiros, recursos humanos do órgão em que a intervenção deve ocorrer.

Além de indicar as necessidades materiais que condicionam a viabilidade do projeto, é preciso indicar as fontes de financiamento hábeis a custear esses recursos. Esse é um ponto que precisa ser levado, inclusive, à anuência das autoridades do órgão, para que seja possível avaliar a disponibilidade desses recursos e a disposição política (ao menos potencial) de alocá-los em uma eventual intervenção.]]

11. Referências

[[Neste ponto, devem ser colocadas as referências bibliográficas efetivamente utilizadas ao longo do projeto, inclusive na revisão bibliográfica.